sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Como el mosquito en la piedra...

Hoje chegou o momento de despedir-me da minha anfitriã, que tornou-se uma amiga querida, abrindo as portas e o coração pra me receber aqui nesse belo pedaço de lugar, em Imbituba. Deixo um pouquinho de mim, assim como sei que levarei muito daqui e de ti comigo pela estrada. É difícil, foi uma semana muito gostosa e cheia de aprendizados, rolês e reflexão.
Aqui tenho uma caminha quente, banheiro limpo, comidinhas saudáveis (obrigada pelos lanches e jantinhas deliciosos e por deixar-me descobrir meus dotes culinários na sua cozinha, amiga, e por bagunçar e arrumar teu lar), um lugar pra escrever no blogue, brisa e água fresca (e até gatinhas pra afofar); além do abraço e conversas com a *E, que me faz companhia depois que chega do trampo.

Desenho que fiz da host meditando na praia. 

Tatu de sereia que fiz na pele da host.

Tenho tanto a te agradecer, por me fazer sentir em casa, aqui que não é tao distante, mas que já foi uma grande jornada desde Porto Alegre. Tenho certeza que pra ti também é assim desde que saístes de lá. E quando fores teu momento, vai pelo mundo, te aventuras, confia em ti mesma e me dá um alô. Como falamos, certamente nos encontraremos por aí ainda. Me disseram que almas livres se pecham sempre. 💛💜💙💚

Chocolatinhos decorados pela host. 💖

Mas preciso seguir adiante, pois apesar de confortável aqui, a minha intenção é deslimitar-me e desbravar novos horizontes, pular além das minhas zonas de conforto e explorar tanto meios desconhecidos quanto partes de mim que se revelam pelos caminhos que percorro, além de seres com quem possa trocar e dividir experiências. Sinto mais que nunca os ciclos a se renovar dentro de mim e os caminhos se abrindo.💞💫


Foto tirada na 'lagoa' da Barra de Ibiraquera.

Já sinto falta de casa, na verdade mais da minha gata, minha cachorra e meus pais. Minha mãe tá lá contando os dias desde que parti - não tinha reparado que fazem 3 semanas já-, e sempre preocupada, principalmente se tô me nutrindo direitinho. Me sinto ótima, até mais forte, e aprenderei a lidar com as saudades, já que tenho tanto que ainda quero trilhar antes de voltar. Coloquei como meta vender e/ou trocar todas as artes que trouxe na mochila antes de pensar em fazer o retorno para o Sul.
Vou expor meus trampos num evento em Floripa sábado (amanhã) e circular pela Ilha. Quem estiver por perto, tá convidado a comparecer, vai ter arte, tattoo das mina, som e comidinhas!
(Preciso de pouso e carona até lá, se alguém souber de algo, avise aqui <3)


------------------------      Solta as Bruxas ~ Flash Day Tattoo Casa Odara    ------------------------



Foto tirada na Praia do Rosa.

Desejo a todos os viajantes uma longa jornada de luzes coloridas. Em breve posto os próximos capítulos. Aloha e feliz nova lunação!




                                               ~~ Trilha sonora do dia ~~


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

"Minha Vida é a Estrada"

Acordamos cedo e terminamos de arrumar as mochilas. Nos despedimos de nosso tranquilo pouso em Torres, situado no Parque de Itapeva, e pegamos uma carona com nosso anfitrião até um posto de parada de caminhões. Lá ficamos com uma folha A4 onde se lia 'Morro dos Conventos' erguida, enquanto a outra levantava o dedo em sinal de carona. 👍
Acredito que ficamos em torno de 1h30- 2h ali, até que um caminhoneiro que trabalhava como guincho resolveu nos ajudar. Embarcamos faceiras e fomos conversando sobre nossa rota com ele. Como seguiria viagem, nos deixou na Br-101, próxima à entrada da cidade de Araranguá.
Tiramos algumas fotos e seguimos caminhando.




Um pouco à frente um motorista parou e deu ré, perguntou pra onde íamos, e lá fomos nós de novo, de carona até um posto de gasolina e conveniências, onde descemos e decidimos tomar café (ou como você chamaria um achocolatado de caixinha com uns salgadinhos.) Dalí a pouco nosso caroneiro tinha voltado e acenava, carregando o saco de dormir que minha companheira de viagem havia esquecido no porta-malas. 😅
De barriga cheia, decidimos dar continuidade ao nosso roteiro e nos postamos numa paradinha de ônibus ao lado de uma loja de sorvetes, que fazia vizinhança com o posto de gasolina.
Vinhamos observando que havia uma moça estacionada ali perto, mas não fomos abordá-la. Depois de mais ou menos meia hora, ela manobrou e parou o carro à nossa frente, dizendo "Eu levo vocês até lá!". Com algum tempo de morada na cidade vizinha, Arroio do Silva, ela declarou que o corpo já pedia por novos ares. Descobrimos que ela era mineira e não gostava muito de São Paulo, o ritmo é muito frenético; tá sempre viajando por aí e quer conhecer Porto Alegre em breve; pensa em mochilar de Minas para Argentina... Fiquei feliz de estarmos em companhia feminina e rabisquei um retratinho dela dirigindo pra presenteá-la como agradecimento; Sua reação foi de surpresa, olhou a folhinha com o desenho, olhou pra mim, olhou pra folhinha de novo: "Que massa!".


Imagem: Rabisco feito por mim durante a viagem.

É possível viajar de mochila, de carona, com pouca grana, sendo mulher sim! E por ser mulher viajando não estamos sozinhas, tamo junta, fazendo nossos caminhos <3


✌ Trilha sonora do dia ---> Fémina

sábado, 21 de janeiro de 2017

23:11

Penso como poderia introduzir minhas viagens até agora por aqui.
Escrevo no note da minha anfitriã em Imbituba, Sc.
Aqui na Barra de Ibiraquera, estou ao lado do mar, das dunas, matagais e estrelas (abundantes neste céu tão limpo e sem interferência de iluminação artificial absurda e prédios pra todo lado).
Quando postei no meu perfil do facebook que planeja viajar para o litoral, a E* me ofereceu estadia aqui na sua casa; só depois de nos vermos pessoalmente lembramos que havíamos nos conhecido em um curso de comidas veganas em Porto Alegre alguns anos atrás.

Hoje acordei bem cedo, perto das 5h20. Minha companheira de viagem - que esteve comigo durante pouco mais de uma semana, dentre alguns lugares, trilhas e caronas -, a C* pegou o bus de volta à 'civilização' neste sábado. Fui até a rodoviária me despedir. No caminho de volta, a E* foi dando carona pra algumas colegas de trabalho que achou pelo caminho, algo que ela faz com frequência.

Lá pelas 11h saímos novamente, dessa vez pra largar um amigo no Siriu. Acabamos dando algumas voltas por ali; o plano era ir em alguma cachoeira próxima, porém a Cachoeira do Macacu é na verdade um parque de diversões pelo jeito. É cobrado 15 golpes pra você poder 'desfrutar' da infra-estrutura com tirolesa, escalada, piscinas, churrasqueiras, etc. Se você quiser apenas visitar é 10. Só falta querer privatizar o mar agora. Qualé galera, que mancada. Nem os próprios moradores do Macacu podem se refrescar ali sem pagar pra entrar.

Enfim, seguindo trajeto, enxergamos plaquinhas onde se lia "verduras orgânicas" e a E* foi atrás delas, até nos depararmos com uma senhorinha, que nos atendeu e disse pra sentar enquanto a filha estava à caminho, chamada por um menino. Lá veio a moça, sorridente, chamando pra segui-la afim de colher os legumes frescos. Com um sistema simples de irrigação e muito trabalho e cuidado, a família mantém um espaço onde plantam salsa, cebolinha, rúcula, alface, pimentão, couve, etc. Saímos de lá com bananas e abóboras também. Felizes e crendo numa economia mais viável e saudável, resolvemos dar uns mergulhos na praia de Garopaba pra aliviar o calor abafado que fazia pela tarde.

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À beira mar, diversos guarda-sóis ocupavam a areia, marcando presença de diversas famílias à procura de descanso e lazer. Muitos barcos, pedalinhos, caiaques e alguns jet-skis circulavam pelas águas verdejantes e incrivelmente calmas, praticamente sem ondas. Ao entrar na água, me sentia mais num pedaço da Bahia que de Santa Catarina. Apesar de nunca ter visitado o famoso estado (ainda); os morros, casas nas encostas das rochas e aluguel de barcos e pranchas no entorno - além da própria visão paradisíaca - lembravam-me imagens que havia visto do Nordeste do Brasil.

Nadamos até os dedos ficarem murchinhos e a boca enrugada, em meio às algas que despontavam das rochas próximas e pedacinhos de águas-viva pinicando a pele. Demos um pequeno descanso nas pedras, catamos algumas conchinhas e fizemos o retorno pela trilha que leva de volta à beira.

Cansada, vim na carona de olhos fechados, grata pela tarde de sereia e as aventuras vividas.


Trilha da noite >> Vashti Bunyan – Just Another Diamond Day (Full Album)

Imagem: Aquarela e café s/ canson, 2016.